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Morre vocalista da Second Come

second-comeEm meio a expectativa pelo show do Heaven & Hell hoje em Brasília, uma notícia triste, que publicamos com certo atraso: morreu na última segunda-feira (11/5) Fábio Leopoldino, ou Fábio L., 46 anos, vítima de infarto fulminante. Ele se tornou conhecido no universo do indie rock nacional como vocalista e guitarrista das bandas cariocas Eterno Grito, Second Come e Stellar.

Foi com a Second Come que Fábio L. (no centro da foto) alcançou um pouco mais de notoriedade. A banda, formada em 1990 na cidade de Niterói (RJ), lançou apenas dois discos, ambos pelo selo Rock It! (de Dado Villa-Lobos e André X): You (1993) e Super kids, super drugs, super gods and strangers (1994). No som, uma mistura de distorção e melodia, guitarras que alternam peso e suavidade, vocais melódicos e “cozinha” (baixo e bateria) forte e marcante.  Pouco após o segundo disco, o quarteto – também composto por Fernando Kamache (guitarra), F. Kraus (baixo e voz) e Kadu (bateria) – se separou.

Como bem lembrou o Tubá, do zine Tupanzine, os caras estiveram por aqui no dia 2 de abril de 1993 (santa memória, hein?) em show realizado pelo Victor “RVC Discos” Ribeiro no Teatro da Escola Parque (508 Sul), com abertura das brasilienses Animais dos Espelhos e Oz.  Fábio L. ainda participou de uma apresentação da Low Dream no Gate´s Pub (403 Sul).

Recebemos este e-mail do Rodrigo Lariú, proprietário do selo e produtora carioca Midsummer Madness, que detém o catálogo da Second Come. Trata-se da reprodução de uma mensagem enviada pelo baixista e amigo F. Kraus:

“Estranho isso, mas neste momento, realmente não sei o que faço.
Acabei de receber uma notícia extremamente triste e a única frase que me veio foi o nome desta música.
Hoje, lá pelas três da tarde, faleceu o Fábio Leopoldino. Fábio L., como na época do Second.
Segundo informações de um amigo comum, que foi avisado pela mãe do Fábio, ele teve um infarto e não chegou sequer a receber socorro. Apenas pediu a mãe que ficasse com ele. Poético, como foram suas composições.
Durante alguns anos, após o final do Second Come, fiquei sem falar com ele.
Vários foram os “motivos” que me levaram a acreditar que eu estava certo.
E vários foram os motivos que me levaram a acreditar, depois, que estava errado.
Quando voltamos a conversar foi ótimo. E libertador.
Mas agora não valem mais as palavras.
Apenas peço que os que o conheciam, pessoalmente ou por suas músicas, desenhos, contos, etc. lembrem dele agora de uma forma boa, com aquele pensamento bom que poucas vezes temos na vida. E que essa luz o ajude nesta passagem.”

Nos últimos tempos, Fábio L. vinha trabalhando numa ONG e se preparava para voltar a tocar com amigos. Fotógrafo e amigo de infância do músico, Wagner Alves diz que ele não vinha tendo problemas de saúde e estava animado com os novos projetos.

Luciano Branco, contumaz participante da lista de discussões do Cult 22, nos lembra da breve discografia da Second Come:

capa-second-come-1

You (1993)
1. Feel Like I Don’t Know What I’m Doing
2. Ten Fingers
3. Run, Run
4. Hurricane Age
5. 704
6. Perfidiousness
7. God and Me
8. Justify My Love (Madonna)
9. Sedative Distortion
10. The Shower
11. You
12. Shoes
13. Violent Kiss

capa-second-come-2

Super kids, super drugs, super gods and strangers (1994)
1. High, High
2. Interference
3. Airhead
4. Aircrafts & Boots
5. My Cancer
6. Scraper
7. Wait
8. Little Friend
9. She Could Melt The Sun
10. Grapes
11. It´s Wrong
12. Looking Smiles
13. Gashead
15. Airplane Ticket
16. You´re Coming
17. Fever, Dreams, Trip

» Baixe os dois discos e uma coletânea do Second Come

10 comentários sobre “Morre vocalista da Second Come

  1. Porra, Second Come era do caralho.
    Mas é aquela coisa… se notoriedade medisse qualidade, as bandas podres por aí que fazem sucesso seriam boas, necessariamente.

  2. O Onipresente acertou em cheio: Second Come foi uma banda muito acima da média nacional e é uma lástima a morte do Fábio L.. Um minuto de silêncio. E vivas para “You” e “Super kids, super drugs, super gods and strangers”!

    Na boa, essa discussão idiota sobre a suposta relação entre notoriedade=qualidade aqui no blog é inútil. Banda não precisa ser famosa pra ser boa e é até bom que não seja. Qualquer pessoa com um mínimo de cérebro deveria saber disso. Aliás, a história está cheia de exemplos de bandas legais que se tornaram chatíssimas devido ao excesso de exposição em rádios, mtv e, ultimamente, internet. Rock é pra ser um negócio marginal mesmo, e ponto.

  3. Dizer que:

    “O Second Come só ganhou notoriedade quando – coverizou – uma musiquinha da Madonna”.

    É simplesmente não conhecer nada de indie rock brasileiro.

  4. Quando vi esse post me lembrei de uma ‘materiazinha de rodapé’da Bizz sobre a banda,cujo mote era justamente a ‘cove da Madonna’.Só isso.Eles não fizeram clip dessa versão não?

  5. Pela primeira vez eu discordo do ou da Akira, hahaahha. Eu até gostaria de conhecer a figura. Em 99% nossas idéias colocadas aqui no blog se batem, haahah.

    Não acho que as bandas DEVEM ser marginais. Pra mim, se é boa e faz um som bom, porque não se tornar conhecida? O rock é bom, sou a favor da sua democratização. Acho que a banda se torna chata não pq passa a fazer som ruim depois de ficar famosa. É porque a superexposição se torna chata, aí eu concordo. Bem, essa discussão também se tornou clichê.

    E vivas para “You” e “Super kids, super drugs, super gods and strangers”!² , rs.

  6. Então, notoriedade é bem mais que uma nota de rodape na Bizz.

    A banda (como tantas outras), teve pouco espaço na mídia em uma época em que os meios de comunicação eram mais fechados para música undergrounde (ainda mais para uma banda brasileira cantando em inglês), ainda sim, eles se destacaram…

  7. Porra, não sei se alguém que comentou aqui sobre o Second Come estava lá, naquela época, ouvindo, curtindo, indo no Garage babar com os sons dos caras junto com os Pin-Ups, mas EU ESTAVA, e cresci na minha adolescência ouvindo estes sons e por isso, me senti completamente enojado com a porra da repercussão, da revolução que a mídia quis vender para encher com o cu de grana com a porra do NIRVANA. O som que esses caras acima fizeram estava anos-luz à frente de seus colegas estrangeiros, bem na linha dos verdadeiros revolucionários, como Sonic Youth, Pixies, Mudhoney, Dinosaur Jr.

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